segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O Problema da má gestão da saúde passa pela patifaria

Todos sabemos que ter um plano de saúde ou seguro saúde é fundamental. Todos sabemos o quanto é revoltante quando vemos tantos roubando e desviando verbas dos contribuintes e clientes de empresas públicas, enquanto a saúde se deteriora. Também estamos fartos de reclamar e ouvir reclamações de mal atendimento e má prestação de serviços pelos planos de saúde. Eu mesmo já recorri à Internet para esbravejar sobre esse problema. Mas, falar sobre isso é falar sobre o mesmo.
Resolvi olhar sob outro ângulo e partir de um exemplo bem sucedido de uso da saúde (no sistema particular, para poucos que têm esse benefício), a partir de um seguro saúde.
Em abril busquei uma boa emergência particular aqui no Rio de Janeiro e fui muito bem atendido. Mas quanto custou? Muito, é claro. Mas o que é muito? Sem entrar no mérito do que é muito ou pouco - isso dá muita discussão, certamente -, ao receber o extrato dos gastos que meu seguro saúde apresentou, a soma totalizou a quantia de R$ 1.041,78.
Confesso que me assustei e comentei com familiares e amigos o óbvio: "Viu como é importante ter um seguro ou plano de saúde?"
Como convivi com internação de pessoas muito próximas em UTI nos últimos dias, ambas atendidas por seguro e plano de saúde, resolvi investigar o valor. Encontrei na Internet várias indicações em uma faixa de mínimo e máximo - dependendo do tipo de ocorrência, de UTI, complexidade, etc - que variam de R$ 1.100 a R$ 25.000.
Confesso que me assustei mais ainda e resolvi aprofundar.
Um amigo me comentou que a diária de UTI de uma pessoa de sua família custou, muito recentemente (JUL/2015) R$ 15.000,00. "Hein?" - perguntei querendo não acreditar. "Isso mesmo, meu caro, R$ 300.000,00 por vinte dias de UTI para o caso dele é o que se gasta, no mínimo."
Imagem: http://sindicatodoshospitais.com.br/index.php?pagina=noticias&id=626
Resolvi, então, exercitar a ideia e calcular quantas vidas poderiam ser salvas utilizando-se "apenas" 3 bilhões de Reais (que poderiam vir daqueles desviados da Petrobrás, "só" isso).
Critérios do cálculo:
- Um novo leito de UTI: R$ 90.000,00 (pesquisa em sites diversos)
- Diária de UTI: R$ 15.000,00 (pesquisa em sites e consultas a conhecidos)
- Tempo em dias por 5 anos: 1.824 dias
- Vidas salvas por 5 anos em uma UTI Neurológica com 8 leitos: 1.417 (Base: Santa Casa de Maceio - AL, em reportagem sobre o período de 2002/2007 - Fonte: http://www.santacasademaceio.com.br/…/uti-neurologica-salv…/)
- Vidas salvas por dia: 1.824 X 8 / 1.417 = 0,01 (ou 1 vida a cada 100 dias)
Resultados:
- 10.000 novos leitos: R$ 900.000.000,00
- Dos R$2,1 bilhões que faltam: 140.000 diárias de UTI
- Possíveis vidas salvas em 5 anos: 140.000 * 0,01 = 1.400
- Possíveis vidas salvas em 1 ano: 280
- Possíveis vidas salvas por mês: 23
Conclusão:
Para concluir que o problema da saúde é um problema de gestão, é preciso considerar que - no caso da saúde - o problema da má gestão passa, necessariamente, pela patifaria.

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